Dilatando o corpo da arte: Crime Delicado na literatura e no cinema

Este livro é um estudo do romance Um Crime Delicado, de Sérgio Sant’Anna (1996), e do filme quase homônimo, de Beto Brant (2005). Por meio da costura dialética (pensamento múltiplo), discutiram-se questões corporais (o lugar da deficiência na cultura hedonista, a hostilização da feiura, o corpo do travesti, os limites da exacerbação sensorial a partir da nudez, a pornografia, a violência sexual), e também os poderes da crítica de arte. Inicialmente, foi delimitado o tema: o corpo como multiplicador de significações e sua representação na arte contemporânea, que provocou a aproximação de outras obras na reflexão do abjeto (o que causa repulsa). A importância desses questionamentos reside em pensar como a relação entre consciência e corpo nos é imposta, gerando exclusão do que ousa ser diferente de padrões ocidentais- corpo perfeito, heterossexual, submisso à cultura sexista (machista). Como as problemáticas surgiram da estrutura do livro na interação com outras artes, ao final, observou-se o processo de transposição da mídia de papel para a cinematográfica e a pictórica; e foi proposta a dilatação teórica do provérbio horaciano (“a poesia é como a pintura”) para o cinema poético.