A Hora e o Nevoeiro

Quando ainda em 1912, Fernando Pessoa prenunciava em seus artigos A Nova Poesia Portuguesa Sociologicamente Considerada e Reincidindo “o breve aparecimento do Supra-Camões”, imaginava a sua aparição triunfal como poeta redentor de uma nação que há muito esperava ver ressurgir os seus dias de glória. Vinte e dois anos antes da publicação de Mensagem, seu autor já sonhava com uma obra que fosse capaz de superar Os Lusíadas no imaginário mítico-poético de Portugal. Essa vontade grandiosa de poder mudar uma realidade, no entanto, irá esbarrar em condições severas de “nevoeiro”, o que lhe permitirá, apenas, transformar esperança em sonho, concebendo uma nova forma de heroísmo, que se caracteriza pelo enfrentamento ao absurdo da realidade.