A circulação de dádivas nas redes sociais virtuais

Em seu "Ensaio sobre a dádiva", Marcelo Mauss sugere que as sociedades industrializadas, poderiam beneficiar-se ao reconhecerem um modelo de prática social baseado em dádivas e doações, como as trocas de presentes das sociedades arcaicas: uma prática social menos utilitarista e mais voltada para os vínculos entre os seres humanos, a construção de uma “moral de grupos”, “moral da dádiva-troca”. O autor entende que a obrigatoriedade da troca é a base para um sistema que tenderia a se estabilizar, destaca que nas sociedades estudadas os indivíduos eram “menos sérios e tristes". A interface com que o Facebook se apresenta aos usuários das redes sociais, baseia-se na lógica do sistema de dádiva, reforçada pelo manifesto “é grátis e sempre será”. Esta é a esfera que exploramos neste trabalho. Mas torna-se importante registrar que a sustentação desse sistema só é possível na coexistência e engendramento de outras lógicas, como a do capital, do lucro e da vigilância, tema explorado em outros estudos escritos posteriormente.