"Nas entre-falhas da linha vida"

"Quem são elas" e "Por que são elas as presas?" Duas perguntas simples e com respostas aparentemente óbvias me fizeram retornar ao Complexo Penitenciário Feminino Estevão Pinto enquanto pesquisadora interessada nas experiências, nos relatos e nas histórias de vida de mulheres que se encontram em situação de prisão em decorrência de sentença condenatória pela prática de ato(s) criminal (is). Eu que já havia trabalhado como Diretora de Atendimento neste mesmo estabelecimentos penitenciário, pude compreender que o vivido e o sentido por estas mulheres que sobrevivem em contextos de privação está para muito além de tudo que eu já havia conhecido ou teorizado sobre o sistema prisional: medos, angústias, revoltas, incertezas, violências e saudades... Entretanto, num contexto em que todas são obrigadas a se vestirem de vermelho, a singularidade se expressa através do que há de único e incomum em cada uma delas, com diferentes nuances de força,inteligência, coragem e beleza. E assim como elas foram se apresentando para mim, eu as apresento para vocês, certa de que muito ainda escapa, pois tudo o que elas são, nem lentes, nem gravadores, nem prisão, serão capazes de resumir ou capturar.