O real como dispositivo

Com base na perspectiva de autores como Michel Foucault, Gilles Deleuze e Giorgio Agamben, nesta investigação o real é abordado como dispositivo potencializador de experimentos indisciplinares. A pesquisa se dedicou à análise de projetos interdisciplinares como os do argentino Emilio García Wehbi, dos colombianos Heidi e Rolf Abderhalden, e do peruano Carlos Cueva. Através da poética de criadores in(ter)disciplinares latino-americanos, pretendeu-se reconhecer as interlocuções entre tais práticas com os estudos teóricos sobre as presenças do real na arte contemporânea desenvolvidos por pesquisadores como José Antonio Sánchez, Maryvonne Saison e Hal Foster. Por meio deste repertório prático e teórico, buscou-se averiguar as co-relações e as motivações que possibilitaram, em distintas linguagens, a tensão para a noção de representação a partir da apropriação das diferentes dimensões do real. Este percurso desejou problematizar em que medida a experiência com o real afeta o fenômeno teatral, e de que modo o experimento com a realidade, como ação ética e estética, reconfigura as vivências artísticas no contexto específico da América Latina.