Autonomia da Sociedade Civil no Processo de Desenvolvimento Humano

Ao contrário da opinião pública e dalguma literatura científica que olham para as organizações da sociedade civil como meros dependentes da ajuda externa e, por isso, subservientes das agências doadoras da comunidade internacional, o presente livro demonstra, em primeiro lugar, que há muitas organizações da sociedade civil que não dependem de financiamentos externos. Em segundo lugar, revela evidências de que dependência não implica necessariamente subserviência. Em terceiro lugar, e muito importante, o livro identifica vários exemplos de protagonismo, autonomia e sucesso da sociedade civil em disputas públicas contra determinados interesses de entidades governamentais e de agências doadoras em países da África Austral e, particularmente, Moçambique. Assim, dados teóricos e empíricos confirmaram a tese de que quando as organizações da sociedade civil definem objetivos de bem-estar comum, e mobilizam os cidadãos na base da homologia de dis/posição, respeito mútuo e ética de responsabilidade pública, conseguem o apoio popular necessário para reforçar sua autonomia relativa no processo de desenvolvimento humano entendido como conquista, usufruto e expansão de liberdades substantivas.