Política da ironia

Nome dos mais expressivos da literatura brasileira nas primeiras décadas do século XX, Monteiro Lobato acabou por chegar ao nosso tempo mais como autor de textos infanto-juvenis, apesar de que esses textos constituem apenas uma das facetas da sua vasta obra. Este trabalho se pretende como contribuição ao reconhecimento da produção “adulta” de Lobato e à elucidação da controvérsia estabelecida na tradição crítica em face do romance "O presidente negro". Para muitos, Lobato seria racista em relação aos negros, seguindo teses eugênicas fomentadas ainda no final do século XIX, e sua narrativa seria a prova inequívoca dessa sua posição. Com base no estatuto literário da obra, propomos uma interpretação d´O presidente negro em sintonia com preceitos de teorias contemporâneas sobre a ironia.