Criação, afirmação e arte:

Para usar a imagem apresentada por Nietzsche no aforismo 125, de A Gaia Ciência: após “desatada a terra do seu sol”, pra onde nos movemos? A obra de Nietzsche é uma grande arena de disputas, e o filósofo tem consciência de que sua obra não diz respeito apenas a um esforço individual, e sim, a um acontecimento em que é questionada toda uma configuração da história do Ocidente, em que são evidenciados os perigos implicados nas avaliações críticas aí feitas. Embora limitado a um recorte muito específico, busca-se mostrar neste livro que um esclarecimento sobre o modo como o filósofo concebe a arte, a criação e a afirmação pode contribuir para compreender as razões pelas quais o que se encontra em jogo no pensamento do filósofo diz respeito a um problema de amplas consequências, pois o que aí se decide é o próprio sentido dado à existência num mundo em que a dor e o sofrimento são reconhecidos, não como exceção, mas como, senão constantes, pelo menos, pelo menos presentes e incontornáveis. Por tais razões, o problema da relação entre a afirmação e as vivências é o tema principal desta obra.