A crítica de Suhrawardī ao peripatetismo:

Suhrawardī (m. 586H./1191d.C.) operou uma virada no pensamento árabe ao desenvolver um modelo filosófico baseado em uma ordem descendente de luzes que constituem tudo aquilo que existe. Para tanto, Suhrawardī criticou o conceito aristotélico de definição, demonstrando sua insuficiência como modo de conhecimento, uma vez que o ato de classificar, sem nenhum fundamento na realidade, delimita a mesma realidade. Com efeito, Suhrawardī, em sua principal obra, o LIVRO DA SABEDORIA DA ILUMINAÇÃO, procurou estabelecer as linhas gerais de seu sistema filosófico, a saber: a filosofia iluminacionista. Suhrawardī estabelece a prioridade do existente sobre a existência assim como afirma que tanto a existência como a contingência – e todas as categorias aristotélicas – não passam de construtos intelectuais, sem nenhuma realidade concreta fora do intelecto. Desenvolve-se uma filosofia de matriz platônica, baseada na experiência direta (=iluminação). O estudo da crítica de Suhrawardī ao aristotelismo resultou na dissertação de mestrado em Letras (Universidade de São Paulo), defendida pelo autor (primeiro especialista brasileiro e lusófono em Suhrawardī) em maio de 2013, e que agora publicamos.