A paixão de Quitéria: crime, pecado ou indecência?

Durante séculos, a sociedade se estabeleceu por relações de poder em que as mulheres desempenhavam papeis determinados, amparados pela aliança entre o Estado, a Igreja e a família. A paixão de Quitéria: crime, pecado ou indecência? mostra o universo feminino e suas complexidades vistas pela perspectiva das relações de poder durante o século XVIII. Assim, destacamos o papel da Igreja, na obrigação “de mãe e de mestra” na incumbência de disciplinar a sociedade por meio de normas que estavam contidas no seu patrimônio doutrinal ou dogmático. Desta forma, impunha a mulher uma completa valorização do espírito e da moral direcionada para o “aperfeiçoamento individual”, seja no domínio do comportamento consigo mesmo, seja na família, seja na política. A elas estava permitido o “espaço privado” dentro dos limites estabelecidos. As mulheres eram consideradas incapazes de governar a si mesmas e aos outros, por essa razão, tinham que submeterem-se à autoridade masculina, em casa e fora dela. Contrária às mulheres de sua época, Quitéria Bandeira de Melo quebrou tabus, regras e normas impostas pelas relações de poder conferidas pela aliança entre o Estado, a Igreja e a família.